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Diálogos improváveis: Frantz Fanon e Arnoldo Palacios em um encontro imaginário

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O Quibdó Africa Film Festival 2025, com o tema “Fronteiras Invisíveis”, convida-nos a refletir sobre as barreiras que limitam as comunidades afrodescendentes. Neste contexto, imaginamos um encontro entre dois gigantes do pensamento afro: Frantz Fanon e Arnoldo Palacios. Fanon, psiquiatra, filósofo e ativista nascido na Martinica, é reconhecido por sua análise da descolonização e dos efeitos do colonialismo na psique dos povos oprimidos. Por sua vez, Arnoldo Palacios, escritor e poeta nascido em Chocó, Colômbia, dedicou sua obra a descrever as realidades de sua região e as lutas dos afrodescendentes em seu país.

Arnoldo Palacios, novelista chocoano
Arnoldo Palacios, novelista chocoano

Neste “Diálogo Improvável”, Fanon e Palacios se encontram em um espaço simbólico onde suas ideias convergem para analisar as fronteiras visíveis e invisíveis que atravessam a vida das comunidades afrodescendentes.


A reunião


Imaginemos uma tarde tranquila num café literário de Quibdó, onde a brisa do rio Atrato acaricia as palavras. Fanon, vestido com sua elegância característica, observa atentamente Palacios, que carrega consigo um caderno cheio de anotações e poemas. O primeiro a falar é Fanon, com sua voz firme e apaixonada:

Arnoldo, sua obra “Las estrellas son negras” me toca profundamente. Você descreve de forma poderosa as barreiras que seu pessoal enfrenta. Como você vê essas fronteiras no contexto do seu Chocó natal?

Palacios, após uma pausa para reflexão, responde:

Frantz, em Chocó, as fronteiras não são apenas geográficas, são também sociais. Estão na pobreza, no racismo estrutural, na negligência do Estado. Mas também vejo como a resistência cultural do meu povo derruba estas barreiras, como um rio que encontra o seu caminho apesar dos obstáculos.

Fanon acena com a cabeça, reconhecendo a força das palavras de Palacios:

— Essas barreiras que você menciona também são psicológicas. No meu livro “Pele Negra, Máscaras Brancas”, explico como o colonialismo priva as pessoas da sua identidade e as obriga a usar máscaras para sobreviver num mundo que as marginaliza. Como você vê isso refletido em sua experiência como escritor?

Palacios responde emocionado:

Vejo isso em todos os personagens do meu trabalho. A dor da alienação, a luta para preservar a identidade num mundo que exige que você a rejeite. Mas também vejo esperança. Nas palavras, nas histórias, na arte, encontramos uma forma de resistir e reafirmar quem somos.


Fronteiras e resistência


O diálogo centra-se na forma como as fronteiras invisíveis são também uma ferramenta de resistência. Fanon fala da necessidade de descolonizar as mentes para quebrar as barreiras impostas pelo opressor. Palacios, por sua vez, destaca o poder da linguagem como ferramenta para desafiar essas fronteiras:

A linguagem pode ser uma arma poderosa, Frantz. Escrevo para dar voz àqueles que foram silenciados. As minhas histórias testemunham o facto de que, embora existam fronteiras, elas não são indestrutíveis.

Fanon, com olhar de admiração, acrescenta:

—E é nesta resistência que encontramos a nossa verdadeira força. O cinema, a literatura, a música são meios de subverter a ordem imposta. Estas são as nossas armas para desmantelar fronteiras invisíveis.


Este encontro imaginário entre Frantz Fanon e Arnoldo Palacios resume o espírito do Quibdó África Film Festival 2025. As suas ideias, embora separadas no tempo e no espaço, convergem para uma mensagem poderosa: as fronteiras invisíveis enfrentadas pelas comunidades afro-americanas. as tendências podem ser desafiadas e superadas através da arte, do pensamento crítico e da resistência coletiva.

No final desta conversa simbólica, Fanon e Palacios despedem-se com um aperto de mão que transcende as barreiras do tempo, deixando uma lição indelével: a luta pela dignidade e pela identidade é um caminho melhor percorrido no diálogo, construindo pontes onde outros ergueram muros .


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